Carregamento de Veículos Elétricos (EVs)
Carregamento Solar de EVs é o processo de usar painéis solares para gerar eletricidade e carregar a bateria de um veículo elétrico (VE). Esta tecnologia combina a geração de energia renovável com a mobilidade sustentável, permitindo que os proprietários aproveitem a energia do sol para abastecer seus carros, o que é ecológico, economicamente vantajoso e promove a independência energética.
Você quer abastecer seu carro elétrico com a energia do próprio telhado e reduzir de forma consistente o custo por quilômetro? Este guia prático reúne, em linguagem simples, tudo o que você precisa para planejar, instalar e operar um sistema fotovoltaico pensado para carregamento de veículos elétricos (EVs) em casa ou na sua empresa. Você vai entender dimensionamento, equipamentos, custos, prazos, financiamento, uso de baterias, integração com aplicativos e automações de “carregamento inteligente”.
Ao longo do texto, mantemos foco em eficiência, segurança e retorno financeiro, com exemplos numéricos, tabelas e checklists que facilitam a tomada de decisão em 2025 e 2026.
Por que Unir Energia Solar e Carro Elétrico agora
A combinação solar + EV tem três vantagens centrais. Primeiro, o custo por quilômetro cai de forma previsível: você gera uma parte relevante da eletricidade que abastece o seu carro, reduzindo a dependência de tarifas elevadas e horários de pico. Segundo, há controle e previsibilidade: com um sistema bem dimensionado e automação simples, você programa a recarga para períodos de maior geração ou de tarifa mais barata, suavizando a conta de luz. Terceiro, há valor patrimonial e imagem: imóveis e negócios que mostram infraestrutura para mobilidade elétrica tendem a se valorizar e comunicar compromisso ambiental.
De bônus, você contribui para reduzir emissões: mesmo conectando sua casa à rede, a energia solar distribuída diminui a necessidade de despacho de fontes mais caras e poluentes em horários críticos.

Conceitos essenciais antes de começar
kW x kWh — qual a diferença na prática
- kW (quilowatt) é potência. Pense como “a vazão” do carregamento ou da geração no instante. Um carregador de 7,4 kW entrega potência contínua aproximada de 7,4 kW.
- kWh (quilowatt-hora) é energia. É o “combustível” acumulado ao longo do tempo. Se seu EV consome 15 kWh/100 km, isso significa que a cada 100 km você precisa de 15 kWh de energia.
Níveis e potências de recarga (visão rápida)
- Nível 1 (tomada 127/220 V residencial): potência baixa (1,4–2,4 kW). Útil para emergências ou pernoite longo.
- Nível 2 (wallbox AC): de 3,7 a 7,4 kW em monofásico/bifásico e até 11 kW (ou 22 kW) em trifásico. É o padrão doméstico/empresarial mais comum no Brasil.
- DC rápido (estação pública): 30–350 kW, pensado para viagens e corredores de recarga. Em casa, é raro (alto custo e demanda da rede).
Consumo típico de um EV
A maioria dos carros elétricos compactos no Brasil tem consumo entre 12 e 18 kWh/100 km; SUVs médios ficam entre 16 e 22 kWh/100 km. Se você roda 1.000 km por mês com consumo de 15 kWh/100 km, precisará de 150 kWh/mês apenas para o carro — além do consumo normal da residência.
Dimensionamento: qual sistema fotovoltaico atende meu EV?
A fórmula rápida
Uma regra simples para estimar a potência do sistema (kWp) dedicada ao EV é:
kWp ≈ (Consumo mensal do EV em kWh) ÷ (HSP × 30 × η)
Onde:
- HSP = Horas de Sol Pleno médias da sua região (valor típico anual entre 4,0 e 6,0 no Brasil).
- η (eta) = fator de perdas do sistema (0,72 a 0,82 é comum, considerando perdas elétricas, temperatura, poeira, orientações não ideais etc.).
Dica: se você já tem ou terá um sistema para a casa, some o consumo do EV ao consumo residencial, faça a conta conjunta e avalie se vale ampliar o sistema já existente.
Exemplo prático 1 — hatch compacto urbano
- Quilometragem mensal: 900 km
- Consumo do EV: 14 kWh/100 km → 126 kWh/mês
- Região com HSP médio anual: 5,0
- Fator de perdas: 0,78
Cálculo:
kWp ≈ 126 ÷ (5,0 × 30 × 0,78) ≈ 126 ÷ 117 ≈ 1,08 kWp
Interpretação: algo próximo de 1,1 kWp dedicado ao EV tende a compensar esses 900 km/mês. Em muitos telhados, isso é 3 a 4 módulos modernos.
Exemplo prático 2 — SUV familiar
- Quilometragem mensal: 1.200 km
- Consumo do EV: 18 kWh/100 km → 216 kWh/mês
- HSP: 4,5
- Fator de perdas: 0,76
kWp ≈ 216 ÷ (4,5 × 30 × 0,76) ≈ 216 ÷ 102,6 ≈ 2,11 kWp
Interpretação: algo em torno de 2,1 kWp. Em um projeto residencial típico, você pode colocar 5 a 6 módulos para cobrir a necessidade média do carro.
Tabela de referência — HSP médias e margens
Valores ilustrativos (médias anuais aproximadas). Use sempre levantamento local para projeto executivo.
| Região brasileira | HSP típica (média anual) | Observação prática |
| Norte/Centro-Oeste | 5,2 – 5,8 | Geração elevada ao longo do ano |
| Nordeste | 5,0 – 6,0 | Excelente irradiação; atenção à temperatura |
| Sudeste | 4,4 – 5,2 | Sazonalidade moderada |
| Sul | 4,0 – 4,8 | Sazonalidade mais forte no inverno |
Margem de segurança: adote 5–15% de folga no dimensionamento quando houver sombreamento parcial, orientação/inclinação fora do ideal ou planos de aumentar a quilometragem do EV.
E quando somar casa + carro?
Se sua residência consome 350 kWh/mês e o EV precisa de 150 kWh/mês, o total alvo passa a 500 kWh/mês. Usando HSP 5,0 e η 0,78:
kWp ≈ 500 ÷ (5 × 30 × 0,78) ≈ 500 ÷ 117 ≈ 4,27 kWp
Aqui, um sistema de 4,3–4,6 kWp já traz folga saudável para variações sazonais e eventuais ampliações.
Equipamentos: do telhado ao carregador
Módulos fotovoltaicos
- Potência e eficiência: módulos atuais variam de 420 a 600+ Wp. Eficiências de 20–23% são comuns. Em telhados compactos, módulos de alta densidade ajudam a “extrair” mais kWp por metro quadrado.
- Garantias: busque 12–15 anos contra defeitos de fabricação e 25–30 anos de produção (linear ou escalonada).
- Bifaciais x monofaciais: bifaciais podem render melhor em coberturas com albedo favorável (solo claro, telhado branco), mas exigem estudo de estrutura.
Inversores, microinversores e híbridos
- Inversor string: solução AC centralizada, custo competitivo e ampla compatibilidade. Ideal para telhados com sombreamento baixo e strings bem balanceados.
- Microinversores: conversão por módulo, melhor performance em sombreamento parcial e telhados multi-orientação. Custo maior por Wp, mas ganhos em disponibilidade/monitoramento por módulo.
- Híbridos (FV + baterias): integram banco de baterias (geralmente LiFePO₄). Permitem backup, arbitragem tarifária e recarga do EV mesmo durante quedas de energia (dentro dos limites de potência).
Wallbox (EVSE) residencial
- Potências comuns: 3,7 / 7,4 / 11 kW (AC). Escolha considerando o padrão da sua instalação (mono/bi/trifásico) e a potência contratada.
- Recursos úteis: controle via app, agendamento por horário, limitação de corrente, RFID (condomínios), integração com API/assistentes e modo solar-prioritário (carrega preferindo excedente FV).
- Conectores: padrão Tipo 2 (Mennekes) é o mais difundido no Brasil para AC.
Baterias residenciais
- Por que considerar: maior autonomia em quedas de energia, possibilidade de carregar o EV à noite com energia armazenada do dia, e arbitragem de tarifa quando houver diferenciação horária.
- Tamanhos típicos: 5 a 15 kWh residenciais, empilháveis. Defina pela rotina (ex.: 5–8 kWh para backup de cargas essenciais; 10–15 kWh para rotinas com EV noturno).
Proteções e balanceamento de carga
- String box com disjuntores, seccionadoras, DPS e aterramento conforme normas.
- Balanceamento de carga: em casas com demanda alta (chuveiros, ar-condicionado + wallbox), soluções que modulam a corrente do carregador em tempo real evitam sobrecargas e quedas de disjuntor.
Arquiteturas de sistema: qual é a sua?
On-grid sem baterias (o básico muito eficiente)
- Como funciona: você gera durante o dia, injeta excedentes e compensa consumos noturnos via rede (créditos). O wallbox pode agendar a recarga para períodos de alta geração ou tarifa menor.
- Para quem serve: maioria dos lares e pequenas empresas com rede estável e sem necessidade de backup.
On-grid com baterias (conforto e estratégia)
- Como funciona: a energia do dia carrega as baterias; à noite, você carrega o EV usando a energia armazenada, reduzindo compras da rede. Em tarifação horária, dá para “comprar barato, usar caro”.
- Para quem serve: regiões com oscilações de rede, quem busca resiliência ou deseja otimizar tarifa por horário.
Off-grid (uso específico)
- Como funciona: geração + baterias dimensionadas para carga crítica e EV com rotina previsível. Exige projeto detalhado e custo maior por kWh armazenado.
- Para quem serve: sítios remotos, garagens/rurais sem acesso a rede pública.
V2H e V2G — O carro como parte do sistema
- V2H (Vehicle-to-Home): o carro abastece a casa em falta de energia ou em horários caros. Requer EV e carregador compatíveis, além de proteção/transferência.
- V2G (Vehicle-to-Grid): exporta energia do EV para a rede. Depende de regulamentação local, modelos de compensação e infraestrutura bidirecional. É tendência para 2025–2026, com pilotos e integrações avançando.
Sombreamento urbano e mitigação
- Use otimizadores ou microinversores em telhados com chaminés, caixas d’água e prédios vizinhos gerando sombras parciais.
- Prefira orientação Norte com inclinação próxima à latitude local para maximizar a geração anual; Leste/Oeste funcionam bem quando o objetivo é espalhar a produção ao longo do dia.
Custos, economia e payback: números que importam
Faixas de custos típicos (estimativas)
Valores variam por região, marca e complexidade. Use como referência para triagem de propostas.
| Item | Faixa de preço típica (BRL) | Observações |
| Sistema FV 1,5–2,5 kWp | 8.000 – 15.000 | Estrutura, inversor/micro, string box, cabos |
| Sistema FV 4–6 kWp | 18.000 – 35.000 | Residencial padrão, marcas consolidadas |
| Baterias 5–10 kWh | 12.000 – 40.000 | LiFePO₄, inversores híbridos elevam custo |
| Wallbox 7,4–11 kW | 2.500 – 8.000 | Recursos smart e balanceamento encarecem |
| Projeto + ART + homologação | 1.500 – 5.000 | Pode vir embutido em propostas “turn key” |
Economia por quilômetro: cenário didático
Suponha tarifa residencial média efetiva de R$ 0,90/kWh. Um EV consumindo 15 kWh/100 km tem custo de R$ 0,135 por km comprando da rede. Se a energia solar compensada cair seu custo médio efetivo para R$ 0,45/kWh (pós-investimento), o custo por km desce para R$ 0,067/km — uma redução próxima de 50%. Em quem roda muito, esse diferencial é expressivo mês a mês.
Exemplo de payback simplificado
- Sistema de 4,5 kWp para casa + EV: R$ 28.000
- Economia média mensal (energia compensada): R$ 420–600
- Payback estimado: 39–67 meses (3,2 a 5,6 anos), variando por irradiação, tarifa, hábitos e eventuais financiamentos.
Observação: projetos com bateria aumentam CAPEX, mas agregam conforto e estratégias tarifárias. O retorno deve ser avaliado pelo conjunto de benefícios (confiabilidade, arbitragem, V2H futuro).
Financiamento, aluguel e modelos de negócio
Crédito e cooperativas
Linhas de crédito “verdes” em bancos e cooperativas permitem financiar equipamento e instalação. O objetivo é casar a parcela com a economia mensal para que o fluxo de caixa fique neutro ou positivo já nos primeiros meses.
Leasing/locação de solar e de wallbox
Empresas oferecem leasing operacional do sistema FV e/ou do carregador. Você paga uma mensalidade abaixo da economia esperada e, ao fim do contrato, pode adquirir os equipamentos ou renovar.
Geração compartilhada e assinatura solar
Se o telhado é pequeno ou sombreado, avalie participar de uma usina remota (dentro da mesma área de concessão) e compensar seu consumo residencial + recarga do EV. É uma forma de “solar sem obra” que pode complementar um sistema menor no seu imóvel.
Passo a passo da instalação e prazos
Pré-projeto e visita técnica
Levantamento do consumo da casa e do EV, análise do telhado (área útil, materiais, estrutura), quadro elétrico e viabilidade do ponto de recarga. Definição de potências (FV e wallbox), rota de cabeamento e proteções.
Projeto elétrico e mecânico + ART
Memorial descritivo, diagramas unifilares, especificação de materiais, cálculo de esforços na cobertura e emissão de ART por profissional habilitado.
Aprovação prévia na distribuidora
Protocolo com documentos técnicos e prazos variando por concessionária. Em geral, a aprovação sai em algumas semanas.
Aquisição e recebimento dos equipamentos
Checagem de embalagens, etiquetas, números de série, selos e certificados. Armazenamento em local seco e protegido até a montagem.
Montagem da estrutura e fixadores no telhado
Furações, ancoragens e vedações conforme o tipo de cobertura (cerâmica, fibrocimento, metálica). Respeitar setbacks e caminhos técnicos.
Fixação e interligação dos módulos
Formação de strings com atenção a sombreamento, tensão em circuito aberto e corrente de curto-circuito. Identificação por etiquetas.
Cabeamento, proteções e aterramento
String box com DPS, disjuntores e seccionadoras. Condutores na bitola correta, caminhos protegidos, equipotencialização e SPDA quando aplicável.
Instalação do inversor e do wallbox
Afastamento de fontes de calor e umidade, ventilação adequada, proteção contra surtos. No wallbox, teste de comunicação, RFID (se usado) e ajuste de corrente conforme a demanda contratada.
Comissionamento e testes
Medições de tensão e corrente, inspeção termográfica (quando disponível), teste de anti-ilhamento, verificação de DRs e ensaio do carregador com o veículo.
Homologação final, troca de medidor e energização
Após vistoria da distribuidora, ocorre a troca/adequação do medidor bidirecional e liberação do sistema para operar em compensação.
Prazos típicos: do pré-projeto à energização, conte de 30 a 90 dias, a depender de agenda, concessionária e disponibilidade de materiais.
Operação, automação e manutenção
Rotinas simples que fazem diferença
- Limpeza: em áreas urbanas com poeira, lave os módulos com água e pano macio a cada 3–6 meses ou quando a queda de geração indicar necessidade.
- Inspeção visual: procure por fissuras, afrouxos, cabos expostos e pontos quentes (quando tiver termografia).
- Atualizações de firmware: inversor e wallbox costumam receber melhorias de estabilidade e segurança.
Carregamento inteligente (smart charging)
- Agendamento por horário: sincronize a recarga com a janela de maior geração solar e/ou menor tarifa.
- Solar-prioritário: alguns wallboxes modulam a corrente para consumir preferencialmente o excedente fotovoltaico.
- Balanceamento dinâmico: evita quedas do disjuntor quando muitos equipamentos ligam ao mesmo tempo.
Automação com IA e dados
Aplicativos e integrações permitem:
- Ajustar a corrente do wallbox conforme a previsão de geração do dia seguinte.
- Escolher entre metas (carregar 80% até 7h, por exemplo) otimizando custo e ciclagem da bateria do EV.
- Criar alertas quando a geração cair fora do padrão (sujeira, sombreamento novo, falha).
Normas, segurança e boas práticas no Brasil
- ABNT NBR 16690: instalações de sistemas fotovoltaicos — requisitos de projeto e segurança.
- ABNT NBR 5410: instalações elétricas de baixa tensão.
- ABNT NBR 5419: proteção contra descargas atmosféricas (SPDA).
- NR-10: segurança em instalações e serviços em eletricidade.
- ART e responsável técnico: projetos e execução devem ter profissional habilitado e ART.
- Documentação: diagramas, fichas técnicas, certificados de conformidade e laudos de teste devem acompanhar o dossiê de homologação.
Segurança primeiro: nunca subestime EPI, bloqueio e etiquetagem (LOTO), aterramento e proteção contra surtos. Um sistema seguro é aquele que você esquece que existe no dia a dia.
Estudos de caso didáticos
Residência com 1 EV e rotinas previsíveis
- Consumo da casa: 290 kWh/mês
- EV: 800 km/mês a 14 kWh/100 km → 112 kWh/mês
- Total alvo: 402 kWh/mês
- HSP: 4,8; η: 0,78 → kWp ≈ 402 ÷ (4,8 × 30 × 0,78) ≈ 3,58 kWp
Solução: 3,8–4,2 kWp + wallbox 7,4 kW com agendamento. Sem baterias. Payback estimado de 3–5 anos conforme tarifa local. Conforto alto e baixa complexidade.
Pequena empresa com 2 EVs de frota
- Consumo do prédio: 750 kWh/mês
- EVs: 2.000 km/mês totais a 17 kWh/100 km → 340 kWh/mês
- Total: 1.090 kWh/mês
- HSP: 5,2; η: 0,76 → kWp ≈ 1.090 ÷ (5,2 × 30 × 0,76) ≈ 9,23 kWp
Solução: 9,5–10,5 kWp, wallboxes de 7,4–11 kW com balanceamento dinâmico. Avaliar baterias 10 kWh para arbitragem de horário e resiliência. Economia robusta e imagem ESG fortalecida.
Tarifas, horários e estratégia de recarga no Brasil
Tarifa convencional x tarifa branca
Em várias regiões do país existe a tarifa branca, com valores mais baixos fora do horário de ponta e mais altos em horários críticos. Mesmo quando você tem solar, ela pode fazer sentido se:
- seu consumo noturno é relevante;
- você consegue agendar a recarga do EV após as 22h ou em janelas de menor custo;
- há baterias permitindo “transferir” geração do dia para a noite.
Quem mantém tarifa convencional pode usar a automação do wallbox para priorizar a recarga nas horas de maior geração fotovoltaica, reduzindo compras da rede.
Estratégia prática para 3 perfis
Perfil A — dorme cedo, sai cedo: agende o wallbox para iniciar a carga assim que a produção solar atingir pico (tarde) e limite a carga a 70–80% diariamente, preservando a saúde da bateria do carro.
Perfil B — chega tarde, tarifa branca: programe a recarga entre 22h e 6h. Se houver bateria residencial, carregue-a no fim da tarde para sustentar parte do consumo noturno.
Perfil C — trabalho híbrido home office: use o modo solar-prioritário ao longo do dia. Em dias nublados, o wallbox completa automaticamente com a rede, evitando interrupções.
Plug & Charge e ISO 15118
Em 2025–2026, a adoção do protocolo ISO 15118 se expande. Em essência, ele permite autenticação e negociação de carregamento entre carro e carregador (“Plug & Charge”), além de abrir caminho para V2H/V2G com mais segurança. Ao escolher um wallbox, verifique a compatibilidade atual e o roadmap de firmware para esses recursos.
Tabela prática — tempo de carga x potência do wallbox
Exemplo com um EV de bateria 60 kWh (0–100%). Tempos reais variam por faixa de SOC, temperatura e limites do veículo.
| Potência do wallbox (AC) | Corrente típica | Tempo 0–100% (estimado) | Tempo 20–80% (uso diário) |
| 3,7 kW | 16 A | ~16 h | ~9 h |
| 7,4 kW | 32 A | ~8 h | ~4,5 h |
| 11 kW | 16 A trifásico | ~5,5 h | ~3 h |
| 22 kW | 32 A trifásico | ~3 h | ~1,8 h |
Para uso residencial, 7,4 kW cobre a maioria dos cenários. Em trifásicas ou pequenas empresas, 11 kW dá excelente flexibilidade.
Comparativo R$/km — elétrico com solar x combustão
Consumo típico urbano:
- EV: 15 kWh/100 km
- Compacto a combustão: 12 km/l (gasolina)
Cenário A — EV com energia compensada em R$ 0,45/kWh → R$ 0,067/km
Cenário B — gasolina a R$ 6,00/l → R$ 0,50/km
Mesmo com variações de preço e consumo, o elétrico apoiado por solar tende a manter grande vantagem por quilômetro. Em quem roda 1.200 km/mês, a diferença pode passar de R$ 500/mês.
Guia de compra do seu wallbox
Itens que fazem diferença no uso diário
- Ajuste de corrente por software: permite adequar o carregador à sua demanda contratada, evitando desligamentos.
- Cabo acoplado x tomada Tipo 2: cabo acoplado é prático em garagem privativa; em condomínios, tomada Tipo 2 com travamento e RFID dá mais controle.
- App e API abertas: integração com Alexa/Google Home, Home Assistant ou plataforma da sua integradora para automações e relatórios.
- IP e IK adequados: proteção contra poeira/água (IP54+) e impactos mecânicos (IK07+).
- Atualizações OTA: garante segurança cibernética e novas funções sem troca de hardware.
Erros comuns na escolha
- Ignorar a potência disponível no quadro da casa; o wallbox deve respeitar limites do padrão de entrada.
- Deixar de prever eletrodutos adequados: trajetos muito longos ou com muitas curvas elevam custo e dificultam manutenção.
- Não contratar DR e DPS específicos: proteções evitam problemas que anulam garantia do equipamento.
Erros de projeto/obra que encarecem o pós-venda
- Strings mal balanceadas ou em orientações conflitantes no mesmo MPPT.
- Fixadores inadequados ao tipo de telha, gerando infiltrações.
- Aterramento deficiente e cabos subdimensionados.
- Ausência de etiquetas e documentação; dificulta manutenção e suporte da concessionária.
- Sem treinar o cliente: usuários que não recebem treinamento tendem a usar o wallbox em horários caros e relatar “baixa economia”.
A integradora certa reduz chamados futuros. Avalie portfólio, referências e SLA de atendimento.
Tendências para 2025–2026 que você pode aproveitar
Carregamento bidirecional popularizando
Mais montadoras anunciam carros com V2L/V2H. Para quem sofre com quedas de energia, isso equivale a ter um gerador silencioso sobre rodas. Planeje o quadro elétrico desde já com espaço para um chaveamento de transferência apropriado.
IA no carregamento residencial
Apps passam a considerar previsão solar-local, seu histórico de trajeto e feriados para decidir quanto e quando carregar (não apenas “carregar sempre ao máximo”). Isso reduz custos e ciclagem desnecessária da bateria do carro.
Telhados mais densos
Módulos com células de alta eficiência e half/tri-cut viabilizam 15–25% mais kWp na mesma área. Em cidades de telhados pequenos, isso faz toda a diferença para “zerar” o combustível do carro.
Planos de energia com horário flexível
Distribuidoras e comercializadoras ampliam ofertas com sinais de preço por horário. O trio solar + wallbox + automação transforma o consumidor em gestor ativo da própria fatura.
Perguntas técnicas rápidas para sua integradora
- Qual kWp cobre minha casa + EV em HSP local, com perdas realistas?
- O projeto considera sombras sazonais e expansão de kWp?
- O wallbox tem modo solar-prioritário e balanceamento com o padrão de entrada?
- Existe roteiro de comissionamento e treinamento do usuário?
- Como funciona o suporte e as atualizações de firmware?
Mini-roteiro de manutenção anual (residencial)
- Medir resistência de aterramento e reaperto de conexões.
- Verificação visual de vedações no telhado.
- Atualizar firmware de inversor/wallbox e revisar logs de falhas.
- Rodar um teste DR e verificar curva de disjuntores.
- Emitir relatório com fotos e medições para histórico do imóvel.
Glossário rápido de termos que aparecem no app
- SOC (State of Charge): porcentagem de carga da bateria do EV.
- SoH (State of Health): “saúde” da bateria — degradada com o tempo/ciclos.
- Anti-Ilhamento: proteção do inversor que impede injeção na rede quando ela cai.
- MPPT: rastreador de ponto de máxima potência do inversor.
- Demand Response: comando externo que reduz carga em momentos de pico da rede.
Roteiro de decisão em 5 passos
Metas: quanto você quer economizar por mês e qual autonomia espera no dia a dia.
Dados: junte faturas, quilometragem e fotos do telhado.
Propostas: peça pelo menos 3, com memorial, ART e cronograma.
Piloto: se estiver em dúvida, comece com kWp menor focado no EV e monitore 90 dias.
Escala: amplie módulos/baterias e evolua o wallbox conforme a rotina real.
Transforme o sol do seu telhado em quilômetros silenciosos. Com um projeto enxuto, um wallbox inteligente e algumas boas práticas, você corta custos, dirige melhor e ainda puxa a fila da mobilidade limpa na sua rua.





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